sábado, 30 de abril de 2016

E por alguns, nem era amor...

Encontrar alguém que me despertasse emoções intensas novamente, mas que, em contrapartida, não me obrigasse a um exílio, não me despatriasse de mim mesma.Aconteceria. Eu não tenho pressa. É cedo. 

Antes disso, eu precisava entender como é que se diz para um homem "eu te amo" com tanta transparência, com tanta integridade, e depois transfere essa frase para outro destinatário, com a justificativa de que isso é apenas o curso natural dos acontecimentos.

Em que momento o amor se desfaz, desaparece?

Quando era pequena, ouvia muito falar que o amor era para sempre. Ia a cerimônias de casamento e ficava emocionada. Naquela época, nem passava pela minha cabeça que fosse possível amar vários durante uma vida. Eu acreditava no amor único e indissolúvel. Inclusive achava muito transgressora aquela história de "até que a morte os separe": nem a morte poderia terminar com um amor verdadeiro.

Os versos de Mario Quintana tentatavam me explicar que o amor termina apenas para aquele que morre: quem sobrevive dedica-se a um breve luto e depois volta pra vida - e voltar pra vida quase sempre significa voltar a amar. Sendo assim, aos poucos fui relaxando e aprendendo que somos aptos a amar muitas vezes, de formas diferentes. Amamos A, amamos B, amamos C, e por alguns, nem era amor, e sim entusiasmo, e sabe-se lá de quantos entusiasmos somos capazes. Melhor desse jeito, amar com movimento, amar com todas as nossas capacidades, amores pequenos, amores tortos, amores retos, amores pra sempre, até segunda ordem.
[Fragmentos tirados de Fora de Mim - Martha Medeiros]

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